quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

RESCREVER

RESCREVER

Perdi o hábito de escrever no papel...
O vício do inebriante cheiro
Da tinta,
Do sangue desta caneta barata
Que se entrega completamente
Até me levar onde quero chegar...
Perdi o hábito de ler o que me escrevias
Para não me lembrar de quem realmente sou...
Como é que vim aqui parar
Se ainda ontem te sentia nas minhas veias?
Hoje,
À distância de uma névoa,
Perco-te em pensamentos
Na urgência da realidade,
Na calma presença do inevitável Mundo
Que me continua a pesar mas costas...
"Acende outro pau de incenso."
Estas são as palavras que nunca me disseste
Mas que a minha,
Ténue e desajustada,
Memória criou
Para este fugaz e indelével momento.
"Descontrai... estou aqui."
Dirias tu novamente,
Com a toda a tua convicção,
Enquanto os meus dedos acariciam
A folha em branco...

                                             pedro isidoro
                                             10 FEV 2010

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